- Era essa a reação que eu sempre imaginei de você depois de tudo que nós passamos...
Ele me olhou nos olhos, se afastou e disse:
- Não queria que fosse assim...
Eu o interrompi, coloquei a mão nos seus lábios para que não falasse mais e disse:
-Talvez eu tenha que chorar pra saber que tudo que nós passamos foi real.
Ele tirou minha mão de sua boca com delicadeza, enxugou minhas lágrimas e disse:
-Não, não chore por mim. Tudo o que nós passamos foi mesmo real.
- Você não entende! Pra mim foi mais que real... foi perfeito, à nossa maneira, e foi inesquecível.
-Pra mim também, acredite.
-Não acho que eu consiga acreditar
Eu acreditava, mas ninguém precisava saber disso. Ele principalmente.
-Por favor, acredite, é só o que eu te peço.
-Não posso! Voçê já está com outra. Aquela que lhe pode proporcionar tudo que eu não pude.
E ainda não posso, acrescentei mentalmente .
Ele se aproximou e tentou me beijar, como se fosse me consolar. Eu repeti a ação de colocar a mão em sua boca e disse:
-O presente é uma consequência do passado. E o futuro prevemos com ações
do presente. Não me beije, você vai se arrepender.
Ele se surpreendeu e disse:
-Ela não significa nada perto de você.
Me limitei a adizer:
-Então faça a sua escolha, porque eu já fiz a minha.
-E qual foi a sua?
-Um dia você saberá.
-Diz.
Ele tirou minha mão de sua boca, entrelaçou seus dedos nos meus, me puxou pra perto e disse:
-Diz agora.
-Você não pode fazer isso comigo... não mais.
Dexei uma lágrima cair, porque todos sabiam que sim, ele ainda exercia um certo poder sobre mim. Mas,ao ver,fui convincente.
-Tudo bem, então.
Ele olhou para os lados, como que se não quisesse nada, depois olhou pra mim e me beijou.
Eu não recusei aquele beijo, porque eu sabia que seria o nosso primeiro, e último, beijo.
Mas também não reagi de forma alguma.
Ele se afastou e então eu pude ver naqueles olhos azuis maravilhosos, que eu sempre imaginei emoções diferentes, uma pontada de arrependimento.
-Foi o que eu pensei.
Ele disse, com pressa:
-Não, não é o que você tá pensando! Eu não me arrependo de nada e vou te querer pra sempre.
Eu o olhei e então soube... ele não se arrependia de nada, até então.
Simplesmente sorri e disse, com toda sinceridade do mundo:
-Eu não preciso mais das suas explicações e você tampouco precisa se explicar.
Ele olhou através de todas as minhas emoções e disse friamente:
-Tem razão, afinal. Eu não te mereço.
-Não me venha com essa!
-Você sempre soube disso.
-Não importa agora. Vá e seja feliz. Você já me esqueceu e isso é evidente.
-Como você pode ter certeza do que diz? Em momento algum eu disse isso.
-Você vai negar? Se eu ouvir você dizer que tudo não passou de um sonho ruim e você ainda não me esqueceu, talvez haja esperanças pra nós dois.
Ele olhou pra mim e depois abaixou os olhos, ficou calado.
-Não há, todos sabem disso, não é mesmo?
-Espere...
Eu o olhei, sem dizer algo e esperei.
-Você se arrepende de ter vindo me procurar?
-Não sei porque vim, mas não... não me arrependo.
-Então fique!
-Não.
Derramei a última lágrima que ele poderia ver. Saí pela porta e deixei escapar ''Eu ainda te amo. Estarei aqui às seis''. Sei que ele jamais ouvira.
por mais que ele jamais ouvira, ali ele estará, como havia dito que faria sempre, estando voce aquela hora ou não.
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